sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

IV – Pedro


Pedro é filho de Dora que é esposa do Dr. Olívio, que por sua vez é o pai da Léo. Ele é, portanto seu irmão de criação e moram juntos desde a infância. E há cerca de três anos, a família aumentou com o nascimento de Lucas. Nicole se encarregou de me contar parte da história deles, outra parte eu acompanhei com a própria Léo, e uma pequena porção vez ou outra eu acabo sabendo através da mídia, uma vez que Pedro é um jogador de futebol talentoso e adquiriu certo prestígio, embora não seja nenhuma celebridade, e posso jurar que é como ele prefere ser.




Aproximadamente cinco anos os separam em gerações distintas, o que nunca pareceu problema para uma garota desenvolvida como a Léo. Já para o Pedro... Nicole disse desconfiar que ele se apaixonou pela irmã desde que pôs os olhos nela pela primeira vez – apesar de ela ser ainda uma criança na época –, e sinceramente, eu não tenho direito algum de duvidar.




Houve um período de separação, quando Pedro ingressou no curso de Engenharia da UFEB e se mudou para a vila residencial da universidade. Mesmo assim, até entrar para o time de futebol, passava todos os finais de semana na casa do padrasto, paparicando sua irmã. 




Pelo menos até se arrepender de um deles especificamente, quando levou consigo David Solomon. O colega de curso, capitão e artilheiro do time universitário, regressou a UFEB como namorado de Léo. A partir de então Pedro não voltou muitas vezes. Tempos depois, ela passaria para o curso de Medicina na mesma faculdade, e os dois voltariam a dividir o mesmo teto.




Naquele ano de emoções tão conturbadas, ajudei uma menina desorientada a encontrar seu eixo. No percurso ela se descobriu retribuindo os sentimentos de seu irmão. Mudou de rumo, mudou de cidade, e deixou sua marca em meu coração. 




– Eles podem estar voltando de vez, sabia? – Arguiu Ariel pela manhã, com a boca cheia de cereal.
– O quê? Eles quem? – Apesar de rebater a pergunta, minha intuição não me traiu.
– O tio Pedro e tia Léo, ué! Ela não te contou? Talvez eles voltem a morar aqui.




– Não, baixinha, ela não me disse nada. Termine seu Sucrilhos...
– Você não tá acreditando em mim, né? Não tem problema porque foi ela mesma que me falou, tá legal?
– Eu não estou duvidando de você, Ariel, só acho que você pode ter entendido errado, não faz sentido, é só isso.





– Eu não entendi errado! Tô feliz porque se acontecer mesmo, eu vou poder ver a Léo muito mais vezes, e você também devia estar, mas nããããão! Tá aí ocupado demais com o sentido das coisas! 
– É... Você tem razão, eu não devia estar preocupado, isso não é da minha conta...
Ela fez uma careta.
– Se quer saber eu estou fazendo promessa, tá?! Não vou cortar meu cabelo durante um ano se ela voltar pra Enseada.




A boca tomou a forma de bico e eu tive que rir.
– Eu quero ver você convencer sua mãe disso! 
– O que vamos fazer hoje? – Ela mudou de assunto ignorando meu comentário.
Eu havia pensado em ir até o Pôr do Sol, ver como andavam as coisas por lá. Nada muito demorado, afinal era período de férias, mas sempre havia a horta, e uma ou outra coisa para se cuidar. Porém, depois da conversa com Léo, eu não achei que seria boa ideia.




– Não sei, o que você quer fazer? Parque, teatro, shopping, cinema... O dia tá lindo, também podemos ir a praia...
– Porque não vamos ao Pôr do Sol? A gente podia chamar a Léo... Quantos anos tem que ela não vai lá?
Eu desconfiei das intenções da baixinha.
– Ariel... o que você está tramando? Normalmente eu preciso te convencer a ir até lá me ajudar...




– Ih, pai! Credo! – Exclamou com jeito cínico. – Eu não tô tramando nada! É que ela fala sempre com carinho de lá... E acho que deve ter pelo menos uns quatro anos desde aquele Natal que ela foi com a gente.
– Você era muito nova! Não pode se lembrar!
– Claro que lembro! Ela tava de Mamãe Noel, você de Papai Noel, tio Pedro de ajudante e eu de gnomo. Lembro de tudinho, muito bem! – Impressionante, eu pensei. – Vou ligar pra Léo, tenho certeza que ela vai adorar!




Causar um clima. Já passou por essa experiência? Causar um clima era tudo que eu não queria, mas foi exatamente o que eu fiz ao parar em frente à casa do Dr. Olívio para pegar a Léo, conforme Ariel havia combinado ao telefone. Ela nos esperava aos pés da escadaria de entrada, armada de sua beleza radiante. Ao seu lado, o pequeno Lucas agitava os braços feliz da vida, e em seus ombros pousava o braço de seu namorado-irmão-companheiro.




Deduzi que ele precisava marcar o território, ou simplesmente olhar para minha cara de pau. Que ousadia a minha passar ali para levar sua namorada para um passeio! Eu não o culparia se ele estivesse com vontade de me dar um murro. Mas ele jamais faria isso. Não por mim, é claro que não. Certamente em respeito a Léo.



Sua expressão era de poucos amigos e durante alguns segundos refleti se deveria ou não descer do carro. Acabei concluindo que seria rude de minha parte não fazê-lo, além do mais, Ariel já havia batido a porta, e agora cantarolava e saltitava na direção dos três.




– Bom dia, Pedro. – Cumprimentei.
– Oi. – Ele respondeu sem me dar muita atenção e voltou-se para Léo, segurando seu rosto e olhando-a diretamente nos olhos. – Você vai demorar?
Ela vacilou.
– Eu não sei...




– Ah, tudo bem...
– Você não quer vir com a gente? – Certo, foi convite estúpido, e fez Pedro bufar.
– Não, obrigado! – Sorriu sem vontade e novamente voltou-se para a namorada. – Eu vou visitar o Zeca então, talvez almoce com ele... e com a Pêpa...


Se Leandra sentiu ciúmes quando Pedro mencionou o apelido de sua melhor amiga, ela não demonstrou.




Uma vez Léo havia me falado sobre sua difícil relação com Penélope. Ela e seu irmão José Alexandre eram amigos de Pedro desde o primário. Muito antes dele saber da existência de Léo. Segundo me contou, Pêpa sempre cultivou uma paixão quase obsessiva por Pedro, que em tempo algum a retribuiu, embora o amor fraternal que nutria pela amiga fosse indelével.




Pedro puxou o corpo da namorada para si e a beijou para se despedir. Restou-me ficar ali e aguentar. E mesmo que eu achasse que ele estava fazendo por pura provocação, de certa forma eu penso que merecia. Eu não tinha nada que estar ali, estragando as férias do casal.




Lá pela metade do caminho, Ariel começou a revelar seu verdadeiro propósito com aquela programação e indagou do banco de trás:
– A Lis vai estar lá?
Percebendo que ela tentava nitidamente causar ciúmes na Léo, eu cortei-lhe as asinhas.
– Duvido muito. Lis também está de férias... Ela deve ter viajado com família. – Supus.




– Ah... – Deixou escapar, desanimada. – Que pena! Tia Léo ia gostar de conhecer ela... A Lis é muuuuuuito legal!
O sentimento era sincero, mas eu não consegui evitar o riso com toda aquela encenação. Léo pareceu entender a situação, pois ela também sorria abertamente, olhando para trás pelo retrovisor.





sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

III – Ariel

– Então... – Quebrei o gelo enquanto preparava a comida. – Como foi o show?
– Ah... – Ela respondeu deixando de lado o galheteiro, que até então lhe servia de distração. – Eu confessei que não gosto muito da música, né? Mas... qualquer programa com Ariel se torna divertido! Ela é tão animada e engraçada! Você precisava ver como ela pulou! E gritava “Justiiiiiiiiiiiiiiiiiin, I love youuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!” – Gargalhou. – Depois virava pra mim e dizia com a mão no coração: “Eu vou morrer, Léo! Ele é liiiiiiiiiiiindow!”
Ela imitou a baixinha com perfeição e eu achei graça.




Eu soube que era abençoado quando peguei Ariel nos braços pela primeira vez. Naquela época, eu ainda acreditava que tudo estava bem, que tudo daria certo, e nem percebi a expressão preocupada de Sônia ao encarar nossa pequena.




Quando a licença maternidade terminou, Sônia parecia estar trabalhando cada vez mais. Saía muito cedo, sempre chegava depois do jantar, e suas viagens eram incontáveis. Tivemos algumas discussões por conta de sua ausência, mas com o tempo, ela simplesmente passou a ignorar minhas queixas. Minha mulher estava preocupada com o futuro e eu desejava viver intensamente o presente. Não consegui enxergar que ela estava tentando garantir o porvir de Ariel. Tudo que eu via era o seu distanciamento.




Mais uma vez não conseguíamos nos entender. Até quase os três anos, Ariel viveu com um pai idealista e uma mãe workaholic que praticamente não se falavam. Em uma família muda, o desenvolvimento de sua fala ficou comprometido. Por coincidência ou não, Ariel começou a falar após conhecer a “tia Léo”.




– Como estão as coisas em Desiderata, Léo? – Minha pergunta a pegou de surpresa.
– Ah! – Exclamou, tentando ganhar tempo para pensar na melhor forma de responder, isso significava não mencionar o Pedro. – Está tudo bem... Eu me formei no fim do ano passado, você sabe... Mas não temos nada parecido com o Pôr do Sol...
– Porque não começa alguma coisa, então? Aliás! Sabe quem está estagiando com a gente lá agora? A Joelma! Você se lembra dela?




– Como não me lembraria, Yuri?! Como ela está?
– Ótima e também se lembra de você! Bem... se quiser ir até lá um dia destes...
– Eu adoraria... E Ariel? Gosta de te ajudar por lá?
– Não muito... E eu não quero forçar uma barra... Sabe, ainda me culpo em pensar que talvez ela ache que dou mais importância ao Pôr do Sol, do que a ela mesma. Mas não é verdade. É que a Ariel tem tudo! Tudo que qualquer criança do Pôr do Sol desejaria...




– Sim Yuri, você está se incluindo aí?
A pergunta de Léo me surpreendeu. Eu tinha certeza que dedicava praticamente 100% do meu tempo livre a Ariel. Mas quanto será que esse meu tempo livre representava?
– Ela te disse alguma coisa?
– Não... É só que... – parou, subitamente parecendo perder a vontade de falar – Desculpe! Deixa pra lá, eu não tenho o direito de me meter!




– Por favor, Léo! Diga! Mesmo que seja apenas a sua impressão!
– Eu... Você sabe que conversamos a beça, eu e Ariel, não é? – Ela perguntou e eu afirmei com um gesto de cabeça. – Ela não disse nada de forma direta, mas nas entrelinhas... – Léo suspirou. – Acho que ela sente ciúmes das crianças do Pôr do Sol... mas talvez... seja só um ciúme natural, eu não sei! Estou tão afastada! 
– Eu vou conversar com ela. Prometo.




– Pode ser só a idade... Ariel está entrando numa fase difícil... Ela mal falou com o Lucas, tadinho! Revirava os olhos impaciente enquanto ele tentava em vão chamar a atenção dela. Garotos são tão imaturos!
– Dá um desconto, Léo! Seu irmão é três anos mais novo que ela!




Ela me olhou de esguelha e seu sorriso prudente me fez engasgar. Eu queira muito beijá-la. De verdade. Por que mesmo estávamos sozinhos ali na minha cozinha? O assunto tinha morrido e só se escutava o barulho do meu movimento para lá e para cá naquele espaço.




Coloquei a refeição à mesa.
– Posso te servir? – Pisquei. – Temos sopa de legumes! Muuuuuito original!
– Por favor.
Ela fez uma reverência inclinando o rosto, mais graciosa do que eu podia suportar. Quanto mais tempo eu me submeteria a essas provações sem me manifestar?




Soava tão simples: “Olha, Léo, é melhor você não aparecer mais por aqui... Marque com Ariel na praça, ou na casa da mãe dela!”. Seria fácil pedir se eu não gostasse tanto de tê-la por perto.




Agradeci por haver uma gelatina para oferecer de sobremesa e após terminarmos ela sentou-se ao meu lado no sofá da sala.
– Quer procurar um filme? – Ofereci-lhe o controle remoto da TV a cabo.
– Eu vejo o que você escolher...




Comecei a zapear pelos canais até que a imagem mostrou a reprise de um especial antigo, direcionado para o público infantil.
– Nossa! A Ariel adorava esse programa! – Léo e eu exclamamos juntos e sorrimos ao ouvirmos um ao outro.
Nossas mãos se tocaram sem querer.




Acho que devo ter me perdido em seu olhar, pois no instante seguinte seu sorriso havia sumido, e Léo estava voltando o rosto para TV novamente.
– Ela está demorando... Talvez seja melhor eu vir outro dia...
– Tudo bem se quiser ir, Léo. Eu converso com Ariel, ela vai entender.
– Eu não quero ir, Yuri. Eu só acho que eu... devo. O quão errado pode ser isso?




Eu não soube o que responder, e Léo se foi. A mim coube enfrentar a fúria de minha filha quando chegou.
– Eu tenho certeza que foi culpa sua, pai! Certeza!
– Ariel, você dormiu lá esta noite, pode vê-la de novo amanhã! A Léo tem outras coisas para resolver em Enseada, não pode ficar a sua disposição!
– Viu?! Você está desconversando! Qual foi a besteira que você fez?! Ficou olhando para ela com cara de bobo outra vez?




Fiquei sem palavras, estarrecido com a afirmação da baixinha.
– Eu sabia! – Disse um pouco mais alta exaltada. – Porque não diz pra Léo logo de uma vez que gosta dela, papai? Por quê? Eu sei que ela também gosta de você, queria tanto que vocês se casassem! 
As últimas palavras de Ariel já saíram sem fôlego e ela fungou com algumas lágrimas nos olhos, deixando claro para mim que apesar de desejar muito, de alguma forma ela também tinha consciência da impossibilidade daquilo se concretizar.




Eu a puxei para um abraço e afaguei seu cabelo ruivo, herança de sua mãe.
– Você sabe que a tia Léo tem um namorado muito bacana, não sabe? – Ela concordou com um aceno, o rosto escondido em meu pescoço. – Você também sabe que a tia Léo gosta muito dele! Muito mesmo! Que são amigos desde que ela tinha um pouco mais que a sua idade, e vivem felizes em Desiderata. – Ariel concordou novamente. – Então... Não seria justo com eles, não é? Se a tia Léo não gosta do papai para se casar, de nada vai adiantar se falar... E se ela gosta... Bem... Eu só vou bagunçar a vida dela...




Ariel se desvencilhou dos meus braços e caminhou para escada, a fim de subir para seu quarto.
– O tio Pedro é muito legal, papai. Mas você é mais.













sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

II – Sônia

Acordei muito cedo no dia seguinte, com o toque insistente do telefone.
– Bom dia, Yuri. Desculpa, acho que te acordei, queria falar com a Ariel...
Era a voz de Sônia, minha ex-mulher e mãe da minha filha. Temos a guarda compartilhada, mas Ariel passa muito mais tempo com a mãe do que comigo durante o período letivo. Por conta disso acertamos que eu ficaria com ela um tempo maior nas férias. Não conseguia me lembrar se havia um motivo para aquela ligação.




– Ela não está, Sônia. Dormiu na casa do Dr. Salvatore, com a Léo. Elas foram ao show do... err... Não consigo me lembrar o nome, agora... Alguma banda de garotos que usam gel?
– Ah... Tá... Aquela cabecinha de vento deve ter esquecido, então...
– O que é? Eu tenho o telefone de lá, ou você pode tentar o celular da Ariel. Lembra? Foi você mesma quem deu...
– Tínhamos combinado de almoçar juntas e talvez ir ao cinema. Não tem importância...
– Ariel não deve ter esquecido, Sônia. E a Léo disse que a traria agora de manhã. Eu peço pra ela ligar assim que chegar, está bem?




Embora não encontre mais em Sônia a mulher que um dia conheci e pela qual me apaixonei, eu ainda a amo. Acredito que um amor verdadeiro não morre, apenas se transforma. E hoje amo tanto a companheira que ela foi, quanto a amiga que ainda é, e a boa mãe que sempre será.




Léo chegou com Ariel não muito tempo depois e minha filha contou com muita animação todos os detalhes da noite anterior, desde a fila para entrar no estádio, até a pequena festa do pijama, passando é claro pela atração principal: o tão aguardado show de um tal Justin Bieber.




– Papai, a Léo pode almoçar com a gente? – Ela soltou de repente. 
– Pode, baixinha, mas antes ligue para sua mãe. Acho que vocês combinaram um programa hoje não foi? 




– Ah! É! – Suspirou um tanto decepcionada consigo mesma e então se animou novamente ao virar para Léo. – Ei! Então porque você não almoça aqui com o papai?! Eu só vou fazer um lanche e ver um filme, não vou demorar! Por favor, por favor, passou tão rápido!
Léo hesitou:
– Bem, eu...




Tentando não deixá-la constrangida, emendei:
– Ela deve ter compromissos, filha! Está aqui de férias também, lembra?
Subitamente Léo mudou sua expressão, de vacilante a desafiadora divertida, sorrindo com uma de suas sobrancelhas levantada:
– Eu ia dizer que se eu não tiver que cozinhar está perfeito. Descobri que não tenho talento nenhum para isso, e olha que me esforcei bastante.




Eu sei que não deveria, mas fiquei animado em tê-la como companhia. Também não escapei do olhar desconfiado de Sônia. Enquanto acompanhava a ela e a Ariel até seu carro, sentia sua aflição em querer perguntar e só não o fez por não desejar que a baixinha participasse da conversa.
– Juízo. – Limitou-se a aconselhar, e eu senti o peso da palavra comprimir meu estômago.




Quando depois de muito tempo – tanto que não sei precisar quanto –, eu e Sônia finalmente resolvemos conversar sobre nosso casamento, descobrimos ser tarde demais para salvá-lo, não havia mais desejo de fazer dar certo em nenhum de nós dois. 




Eu já me encontrava apaixonado por outra mulher, embora não tivesse sido capaz de pleiteá-la. Ainda assim confessei a Sônia na ocasião, e ela foi mais compreensiva do que eu jamais esperaria. Minha ex-esposa também acompanhou de perto, a minha tristeza e arrependimento por sequer ter tentado.




Sônia refez sua vida, e seguiu em frente. Estava casada e feliz com um executivo, colega de trabalho e muitas vezes companheiro em suas viagens a serviço da multinacional onde é diretora de marketing. John Meyers é estrangeiro, mas mora a tempo suficiente no país para ser fluente em nossa língua. É um homem inteligente e polido, sem, no entanto ser sisudo. Ariel o adora e isso por si só já é um bom motivo para eu também gostar dele.